Se o cacau era presente dos deuses, Ilhéus tem um solo sagrado. Isso é o que as civilizações antigas afirmavam. A riqueza da exploração do cacau foi toda investida na cidade, que mantém até hoje seus prédios robustos e paisagens que inspiraram Jorge Amado a escrever algumas de suas histórias. Depois da morte do escritor baiano, sua antiga casa foi transformada num museu. Foi no Bar Vesúvio que a Gabriela de Jorge Amado serviu aos coronéis do cacau. O bar nunca mais foi o mesmo desde que apareceu como cenário de fundo na obra Gabriela Cravo e Canela. O kibe servido por Gabriela ainda é a especialidade da casa, que completou 100 anos. Ilhéus está situada na chamada Costa do Cacau, suas praias e sua riqueza arquitetônica são seus maiores atrativos. Ilhéus é considerada a cidade com maior litoral. O cacau modificou completamente a história de Ilhéus. Com o plantio, a cidade começou a ver seus agricultores se transformarem em barões do cacau. O governo ajudava àqueles que precisavam de terras para plantar, e assim Ilhéus cresceu de forma espantadora. Desde 1556 a Catedral Matriz de Ilhéus já recebia os poucos moradores da então vila de pescadores. Para os devotos de São Jorge esta é uma parada obrigatória, pois dentro da Catedral há uma imagem do santo e várias peças sacras. O Palácio do Paranaguá foi construído em 1907, com as riquezas geradas pelo cacau. É considerado o marco do auge da ascensão econômica de Ilhéus. Ilhéus é uma cidade portuária e rota de diversas empresas de cruzeiro marítimo que recebe uma quantidade muito grande de turistas o ano todo. O Convento de Nossa Senhora da Piedade chama a atenção pela arquitetura gótica. Por dentro há várias peças religiosas e atualmente funciona como colégio.
Bela por natureza, Ilhéus tem uma geografia privilegiada, onde o rio forma uma grande baía que se encontra com o mar. Suas ruas são bem arborizadas e a temperatura é agradável o ano inteiro. A representação de Jorge Amado é encontrada em diversos pontos da cidade, no Bar Vesúvio ele aparece sentado e pensativo em uma das mesas e na fachada de um prédio uma escultura metálica enfeita a entrada. O Bar Vesúvio foi fundado em 1910, tem este nome porque foi criado por dois italianos, Nicolau Caprichio e Vicente Queverini e depois foi vendido para um português casado com uma mulata de nome Felipa. Passou por mais três proprietários até que em 1945, foi comprado por Nacib e virou a casa da Gabriela, tão bem vivida e contada por Jorge Amado.
Em 1927 foi demolida a capela de São Sebastião e em seu lugar foi construída a Catedral de São Sebastião, construção que originou muita discussão sobre o estilo e a localização. Para se encontrar uma solução, o prefeito da época decidiu consultar o diretor da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, professor Arquimedes Memória. A catedral foi inaugurada em 1967, levou mais de trinta anos para ser construída. A igreja é imponente, com 48 metros de altura e é pomto turístico da cidade. Outra belíssima obra de Ilhéus é o Convento e Igreja de Nossa Senhora da Piedade, que fica na rua Madre Thaís, em ponto alto da cidade. Concluído em 1928, o convento possuí em sua área um colégio que funciona desde 1916. Já a Igreja possuí em seu interior um sacrário riquíssimo, constituindo-se um belo exemplar da arquitetura neogótica. A Igreja Matriz de São Jorge dos Ilhéus é a mais antiga da cidade, erguida em 1556, tem uma arquitetura primitiva de encantadora beleza, aAlém da imagem de São Jorge e do imenso painel que conta a história de Ilhéus, abriga o Museu de Arte Sacra, fundado em 1970. No acervo, valiosas imagens barrocas, alfaias – objetos para cultos - e documentos sacros.
Ilhéus tem um acervo histórico de extrema importância, porém, é lamentável o estado em que se encontra a maioria dos prédios e monumentos que contam a história do início do país. Alguns já estão sendo restaurados, mas ainda falta muito do poder público para deixar a cidade dentro do padrão de outras cidades históricas. A Casa do Coronel Misael Tavares, fica perto da Igreja São Jorge, foi construída em 1914, tinha o charme e requinte da época, com maçanetas de cristal importadas da Bélgica, tapetes persas e desenhos no teto igual ao assoalho. Ali eram comentados os rumos sociais e as decisões políticas na efervescência da saga do cacau. Hoje o prédio é sede da Maçonaria. O Belíssimo Palácio Paranaguá, em estilo neoclássico, é uma das mais importantes construções do interior do estado. Tombado como patrimônio histórico pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), é um dos símbolos da opulência que existiu na região durante a saga do cacau. A Casa de Cultura Jorge Amado, onde o escritor passou parte da infância e adolescência foi construída em estilo neoclássico no final da década de 1920. O palacete foi restaurado e hoje mantêm em exposição roupas, fotos, histórico dos pais e da infância, além de vídeos sobre o escritor.
O Bataclan foi um cabaré e cassino que serviu de inspiração e de vários cenários para o escritor Jorge Amado em sua obra Gabriela, cravo e canela e Terras do sem fim. Local freqüentado pelos coronéis do cacau do século XIX, servia como ponto de encontro e de diversão dos homens importantes, mulheres, mágicos, boêmios viajantes e negociantes do mundo inteiro e mais especificamente da Europa visitavam o local. A partir da década de 30 o local foi desativado, ficou por muito tempo abandonado e em ruínas; em meados da década de 90 foi restaurado pela prefeitura local em parceria com a Petrobras e transformado em um centro cultural.
Ilhéus possui o litoral mais extenso do estado da Bahia, suas águas mudam de cor conforme a incidência de luz, às vezes com um azul intenso e outras vezes verde cristalino, algumas com águas mais agitadas para prática de esportes e outras bastante calmas para quem quer sossego. Tem mar pra todos os gostos.
A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC, órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, atua em seis estados do Brasil: Bahia, Espírito Santo, Pará, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso. Foi criada em 1957, na época em que a economia cacaueira atravessava uma grave crise. Desde a sua criação desenvolve atividades de pesquisa, extensão rural e ensino agrícola. A missão da CEPLAC é promover a competitividade e sustentabilidade dos segmentos agropecuário, agroflorestal e agroindustrial para o desenvolvimento das regiões produtoras de cacau, tendo o cliente como parceiro. A CEPLAC abriga o Centro de Recuperação do Bicho Preguiça, projeto criado pela bióloga Vera Lúcia de Oliveira, desenvolvido desde 1996. O projeto cobre uma área de 43 hectares de Mata Atlântica, na BR-415, rodovia Ilhéus-Itabuna, que vem mantendo exemplares de Bradypus torquatus (Preguiças-de-Coleira) e de Bradypus variegatus (Preguiça Comum) em semi-cativeiro, e foi possível até mesmo obter a recuperação de preguiças fortemente estressadas, feridas e desnutridas, apreendidas pelo Ibama, Policia Federal, e pessoas da comunidade junto a particulares.